quarta-feira, 4 de abril de 2012

Castelos de Areia








Sol a pino. Maresia. Ondas ritmadas. Na praia está um menino. 


Ajoelhado, ele cava a areia com uma pá de plástico e a joga dentro de um balde vermelho. Em seguida, vira o balde sobre a superfície e o levanta. 


Encantado, o pequeno arquiteto vê surgir diante de si um castelo de areia. 


Ele continuará a trabalhar a tarde inteira. Cavando os fossos. Modelando as paredes. 


As rolhas de garrafa serão as sentinelas. Os palitos de sorvete serão as pontes. E um castelo de areia será construído. 


Cidade grande. Ruas movimentadas. Ronco dos motores dos automóveis. 


Um homem está no escritório. Em sua escrivaninha, ele organiza pilhas de papel e distribui tarefas. Coloca o fone no ombro e faz uma chamada. 


Como que num passe de mágica, contratos são assinados e, para grande felicidade do homem, foram fechados grandes negócios. 


Ele trabalhará a vida inteira. Formulando planos. Prevendo o futuro. 


As rendas anuais serão as sentinelas. Os ganhos de capital serão as pontes. Um império será construído. 


Dois construtores de dois castelos. Ambos têm muita coisa em comum: fazem grandezas com pequeninos grãos... 


Constroem algo do nada. São diligentes e determinados. E, para ambos a maré subirá, e tudo terminará. 


Contudo, é aqui que as semelhanças terminam. Porque o menino vê o fim, ao passo que o homem o ignora. 


Observe o menino na hora do crepúsculo. 


Quando as ondas se aproximam, o menino sábio pula e bate palmas. 


Não há tristeza. Nem medo. Nem arrependimento. Ele sabia que isso aconteceria. Não se surpreende. 


E, quando a enorme onda bate em seu castelo e sua obra-prima é arrastada para o mar, ele sorri... 


Sorri, recolhe a pá, o balde, segura a mão do pai e vai para casa. 


O adulto, contudo, não é tão sábio assim. Quando a onda dos anos desmorona seu castelo, ele se atemoriza... 


Cerca seu monumento de areia, a fim de protegê-lo. 


Tenta impedir que as ondas alcancem as paredes. Encharcado de água salgada e tremendo de frio, ele resmunga para a próxima onda. 


“É o meu castelo” diz em tom de afronta. 


O mar não precisa responder. Ambos sabem a quem a areia pertence... 


Talvez você não saiba muito sobre castelos de areia. Mas as crianças sabem. 


Observe-as e aprenda. Vá em frente e construa, mas construa com o coração de uma criança. 


Quando chegar a hora do pôr-do-sol e a maré levar tudo embora, aplauda. 


Aplauda o processo da vida, segure a mão do pai e vá para casa.  


A vida tem sua dinâmica própria, e obedece a leis transcendentes que nem sempre conseguimos compreender totalmente... 


Mas o certo é que a roda da vida gira e nos oferece lições importantes para serem apreendidas e vividas. 


Resta-nos conhecer e confiar. Observar e aprender. 


Por isso, vá em frente e construa, mas construa com o coração de uma criança. 


E quando chegar a hora do pôr-do-sol e a maré levar tudo embora, aplauda. 


Aplauda o processo da vida, segure a mão do Pai e vá para casa.


Autor desconhecido

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