Princesas
Era uma vez, Dilma e Marina, duas princesinhas que viviam sob a proteção do senhor seu pai, o Rei Lula. Um dia, a princesa Dilma foi reclamar com o Papi que a princesa Marina estava atrasando construção do lago no jardim do palácio.
- Pô, Papi...só porque vai alagar umas árvores e incomodar uns bagres...manda ela largar de ser chata, Papi!
O Papi, que nunca escondeu quem era sua favorita, deu a maior bronca na Marina, que magoou, botou meia dúzia de saias até o joelho na trouxinha e abandonou o palácio.
Depois disso o Papi chamou Dilma e disse com sua voz grossa de rei:
- Dilminha, venha cá minha filha. Eu estou ficando velho e preciso de alguém pra cuidar do reino, no meu lugar. Minha escolhida é você.
Dilma deu pulinhos de alegria, mas como era uma mocinha séria, logo perguntou:
- Mas, Papi...quem vai cuidar da nossa casa? O palácio não pode ficar abandonado!
- Chama Erenice, a criada.
Dilma ficou feliz com o sábio conselho de seu pai. Erenice, a criada, era seu braço direito e fazia tudo do jeitinho que a patroa gostava.
Agora Dilma podia sair tranquila em campanha pelo reino. Antes de partir, um último real conselho:
- Filha, procura aquele feiticeiro japa que deu jeito na Marta. Ele vai te deixar uma belezura!
A magia do feiticeiro era poderosa. Dilma ficou irreconhecível. E durante a campanha o Papi teve que esclarecer:
- Companheiros, essa é a princesa que indico para ficar no meu lugar.
Como assim "quem é ela?".
É a Dilminha, pô! A preferida do meu castelo. A única com coragem pra botar ordem nesta merda de reino. O Rei Lula era famoso por falar a linguagem do povo, para horror de uma ou outra súdita cansadinha.E quando tudo parecia um céu vermelho e estrelado para princesa repaginada, eis que Marina ressurge das cinzas do desmatamento da floresta amazônica.
-Marina! Não acredito que você vai me trair.
- Quem me traiu foi você, Papi! E eu também tenho direito à sucessão do reino!
Dilma começou a chorar, mas o Papi a acalmou.
- Filha, quem liga pra meia dúzia de bagres? Se acalme, princesa, que este reino está dominado.
O povão tá tudo comigo. Até pagodeiro eu vou conseguir eleger pra senador.
E prosseguiram em campanha, certos da vitória que já era festejada por companheiros de todo o reino. O que eles não sabiam, era que no palácio as coisas não iam tão pianinho como Dilma gostava.
Erenice tinha um filho, um menino mimado e ganancioso, que logo montou um esquema de propina para o fornecimento de salsichas, cachaça e farinha para a cozinha real. O esquema estava indo muito bem, obrigado. Até que um alcaguete contou pra imprensa, que viu aí a deixa pra puxar o tapete persa da real princesa.
Os súditos que liam uma tal revista Veja ficaram muito desapontados. Principalmente os que estavam fora do esquema. E o muxoxo foi geral.
A pobre princesinha esperneou tanto que quase estragou o novo penteado:
- Pessoal, mas o que eu tenho a ver com o filho da criada?!
E o papi emendou:
- Erenice pisou na bola. Podia ter sido a funcionária do mês, com foto na cozinha e tudo. A imprensa também pisou na bola. Afinal, como dizia minha pobre mãezinha analfabeta: roupa suja se lava na casa civil. E não em capa de jornal.
Os dias foram passando, a eleição se aproximando. Os súditos foram às urnas e, para surpresa de todos, tinha mais gente preocupada com os bagres e com os trambiques do filho da criada do que supunham os marqueteiros reais.
O final dessa história é que Dilminha não se elegeu no primeiro turno. Agora vai ter que derreter a maquiagem em cima de palanque por mais um mês, numa disputa corpo a corpo com outro inimigo do palácio, o Serra, amigo de FHC, de quem o rei Lula morre de inveja.
Nesta altura, o papi senta-se no trono e avalia: uma criada e uma amante de árvores atrapalharam o caminho estrelado de minha escolhida. Uma esposa de olho roxo derruba meu candidato favorito ao senado. Quer saber, quem manda eu me meter com a mulherada. Na próxima eleicão, eu só quero príncipes! Alguém aí liga pro Aécio que eu preciso trocar uma idéia com aquele rapaz .
E o final desta linda história acontecerá no dia 31 de outubro. Quem viver, verá!
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