sábado, 6 de fevereiro de 2010
Pérolas encontradas no grande Muvucão
Hoje achei um livrinho que estava escondido,
melhor dizendo perdido no grande muvucão.
E assim que eu o abri encontrei a seguinte citação de Matias Aires:
" O nosso bem só deve depender de nós; por isso nos fazemos infelizes à proporção que buscamos a nossa felicidade em outra parte".
Daí eu fiquei curiosa para saber quem era ele.
Matias Aires Ramos da Silva de Eça, paulista, nasceu no dia 27 de março e nasceu em 1705 e desencarnou em 1763, foi filósofo e escritor brasileiro.
Temos duas interessantes particularidades, ele é ariano e filho único. Em 1716, mudou com a sua família para Portugal, para a “minha amada Lisboa”, a pesquisa começou a ficar mais interessante.
Estudou Direito na Faculdade de Coimbra, que eu tive a oportunidade de conhecer, na qual a energia é fortíssima lá, ele recebeu o grau de licenciado em Artes, mais tarde graduando-se na cidade de Baiona, na Galícia.
Escreveu obras em francês e latim e foi também tradutor de clássicos latinos. É considerado por muitos o maior nome da filosofia de língua portuguesa do seu tempo.
Em Reflexões sobre a Vaidade dos Homens, cuja primeira edição é de 1752, ele tece suas reflexões a partir do trecho bíblico extraído do Eclesiastes: Vanitas vanitatum et omnia vanitas, ou seja, "Vaidade das vaidades, tudo é vaidade".
E um pouco mais da sua história...
“Aires observa que a vaidade é uma força perniciosa e útil, algumas vezes antagonista da virtude. Outras, sua aliada. É uma paixão, enfim, mas também uma forma de inveja.
Segundo Aires, de todas as vaidades, a mais vã é a do saber, porque o conhecimento representa no homem o que ele possui de mais sublime, mas nada o envaidece mais do que se mostrar superior aos demais pelo seu intelecto.
O autor denuncia os intelectuais pedantes e os pseudo-intelectuais; os que por meio de sofismas, usam um discurso fácil com arrogância; os que demonstram por vaidade um conhecimento que não possuem e os que querem ofuscar os demais.
Na república das Letras não há menos vaidade que na república das armas, só que nas letras a vaidade se manifesta nos discursos, sendo a disputa imaterial e, portanto, fruto da imaginação e da metafísica. O render-se nas letras é o mesmo que confessar ignorância.
As armas fazem rumor, as letras, estrago; as armas fazem o mal e com ele acabam, as letras fazem o mal que dura; as armas cansam-se, as letras não. As ações dos heróis não durariam um século, se não houvesse uma pena ilustre para as imortalizar , mantendo vivas na escrita, ações passadas e mortas.
Além dessas reflexões, Virgínia aborda algumas das avaliações de Aires em relação às mulheres no claustro, às ciências humanas, à filosofia e à sociedade da corte. “
Indicação de leitura:
• AIRES, Matias. Reflexões sobre a vaidade dos homens e Cartas sobre a fortuna, 1752.
Algumas de suas frases:
“Poucas vezes se expõe a honra por amor da vida e quase sempre se sacrifica a vida por amor da honra”.
“Contra o nosso parecer nunca achamos dúvida bastante, contra o dos outros sim. A vaidade é engenhosa em glorificar tudo que vem de nós, e em reprovar tudo que vem dos outros”.
“A nobreza foi a maior máquina que a vaidade dos homens inventou.
“É raro o mal de que não venha a nascer algum bem, nem bem que não produza algum mal”.
“O amor não se pode definir; e talvez esta seja a sua melhor definição
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